Ford amarga prejuízo com fim de empresa de condução autônoma
- REDAÇÃO AB
- 10 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Marca estima que tecnologia pode virar realidade 'em cinco anos ou mais'
A Ford divulgou um prejuízo de US$ 827 milhões (ou R$ 2,58 bilhões) no último trimestre, atribuído em grande parte ao recente fim das atividades da Argo AI.
A fabricante havia realizado investimentos expressivos na empresa para desenvolver a tecnologia de condução autônoma. Fundada em 2016, a startup também contava com apoio da Volkswagen, que seguiu o exemplo da Ford e deixou de investir na empresa.
O CEO da Ford, Jim Farley, afirmou que a empresa agora acredita que "existe um longo caminho pela frente" na popularização da tecnologia de direção autônoma. O discurso foi endossado pelo diretor financeiro da montadora, John Lawler, que estima a chegada da novidade "em um prazo de cinco anos ou mais".
Diante do cenário, a marca do oval azul reajustou sua projeção de lucros excluindo juros em relação à previsão realizada há um ano. Essa alteração também foi realizada porque os impostos tiveram queda de 40% em comparação ao mesmo período de 2021. Com isso, a estimativa agora é de US$ 1,8 bilhão (algo em torno de R$ 5,6 bilhões), pouco acima da faixa de US$ 1,4 bilhão a US$ 1,7 bilhão projetada em setembro. Porém, a Ford observa que a inflação acarretou em uma alta substancial nos custos de matéria-prima junto a fornecedores.
40 mil carros esperando peças
Além dessas revisões, a Ford cortou a projeção de margem de lucro quase pela metade (chegando a 4,6%), enquanto a estimativa de receita subiu 10% e chegou a US$ 39,4 bilhões - ou R$ 123,3 bilhões.
Lawler admitiu à imprensa que os resultados da Ford no trimestre "poderiam ter sido melhores", mas o fluxo de caixa de US$ 3,8 bilhões (quase R$ 11,9 bilhões) fortaleceu a empresa. A expectativa é de fechar o ano com ganhos na casa de US$ 11,5 bilhões (ou R$ 35,9 bilhões), dentro da projeção realizada anteriormente. De acordo com o executivo, a incapacidade de muitos fornecedores de vários componentes (excluindo semicondutores) em aumentar a produção foi determinante para os resultados do trimestre.
No final de setembro, a Ford revelou ter 40 mil veículos parcialmente finalizados enquanto esperam pela chegada de peças. A fabricante, porém, acredita que resolverá esse problema até o final deste ano.
Nos resultados por regiões, a Ford fechou o trimestre com lucros de US$ 256 milhões (pouco mais de R$ 801 milhões) na Europa e US$ 147 milhões (R$ 459,9 milhões) na América do Sul. Em contrapartida, a montadora perdeu US$ 154 milhões (R$ 481,9 milhões) na China.
Mais difícil do que ir à Lua
Com o fiasco da Argo AI em atrair novos investidores, a Ford pretende cortar parte dos investimentos no desenvolvimento da tecnologia de condução autônoma de nível 4 (no qual os carros podem dirigir sozinhos, mas dentro de ambientes controlados).
"As coisas mudaram e agora estamos diante de uma oportunidade valiosa da Ford devolver tempo para milhões de clientes enquanto estão em seus carros. Estamos otimistas em relação à tecnologia de nível 4, mas o desenvolvimento de veículos totalmente autônomos que sejam lucrativos em larga escala ainda é uma realidade bastante distante e não temos necessariamente a obrigação de criar essa tecnologia com nossas mãos", disse Lawler.
Com o fim da Argo AI, a Ford pretende contratar "algumas centenas" de funcionários da extinta empresa na tentativa de expandir e acelerar o desenvolvimento das tecnologias de condução autônoma dos níveis 2+ e 3, as quais dependem mais da interação com o motorista.
De toda maneira, o tamanho do desafio enfrentado é resumido nas palavras de Doug Field, chefe de desenvolvimento de produto e tecnologias da Ford.
"É mais difícil do que levar um homem à lua", definiu.
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