Vendas de veículos crescem, mas já começa a faltar demanda

Anfavea, associação das montadoras, alerta que escassez de semicondutores já não é mais a única barreira à expansão dos emplacamentos

As vendas de veículos cresceram em janeiro, mas a notícia não é completamente positiva. A Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil, aponta que há indícios de que a demanda começa a enfraquecer.

Com isso, a escassez de semicondutores que atrapalhou a produção nos últimos anos deixa de ser a única barreira à expansão do mercado.

Segundo a entidade, foram emplacados 126,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no primeiro mês de 2023. O volume foi 12,9% maior do que o de janeiro do ano passado.

“A questão é que o começo de 2022 não é um bom parâmetro porque, naquele momento, o setor estava com a produção muito pressionada por causa da falta de chips eletrônicos e, por isso, faltavam carros no mercado”, contou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, em coletiva de imprensa na terça-feira, 7.

Na comparação com o resultado de dezembro, houve contração de 34,1% nas vendas de veículos no mês passado. A baixa, no entanto, é sazonal, já que o último mês do ano tem demanda mais forte com a chegada do 13º salário. Enquanto isso, janeiro é afetado por férias e aumento dos gastos da população com matrículas escolares, IPVA e IPTU, por exemplo.

Janeiro pior do que a indústria gostaria, mas ainda na média

Apesar do resultado abaixo do que a indústria automotiva gostaria, como aponta Leite, as vendas de janeiro ficaram dentro da média. “O mês costuma responder por cerca de 7% dos emplacamentos de veículos do ano. Desta vez, representou 6,6% do que temos projetado para 2023”, diz o executivo.

Com isso, o presidente da Anfavea diz que o mês ainda não indica qualquer mudança de curso dentro do esperado para o ano. “Fevereiro tende a ser um mês mais fraco também por causa do carnaval, então esperamos uma arrancada das vendas a partir de março”, observa.

Hora de trazer o consumidor para perto do setor automotivo

Segundo ele, é preciso trazer o consumidor para o mercado novamente. O executivo aponta que a crise de confiança gerada por recentes acontecimentos no Brasil e no mundo tem atrapalhado nesse processo.

Além disso, outros fatores afetam a demanda na venda de veículos. A taxa básica de juros elevada encarece o financiamento e há restrição de acesso ao crédito, como a Anfavea tem alertado.

Apesar de Leite não citar, outro ponto que tem grande impacto na realização do sonho do carro novo é o encarecimento dos veículos vendidos no Brasil. Levantamento feito pela Bright Consulting em dezembro mostra que o preço do carro deu salto de quase 17% em 2022. Com isso, o acesso a crédito a baixo custo ganha papel ainda mais central para impulsionar as vendas de veículos.

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